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Autarcas de Peniche descontentes com urgência básica fechada em 40% dos dias

Nos hospitais da ULS Oeste, os médicos do mapa de pessoal apenas asseguram 40% das necessidades anuais em horas, mas em Peniche “a dependência de prestação de serviços é de 100%”.

A Câmara de Peniche vai pedir uma reunião urgente à ministra da Saúde, tendo em conta que a urgência básica do hospital tem estado encerrada em 40% dos dias, segundo uma proposta aprovada hoje por unanimidade.

Na reunião pública do executivo municipal, o presidente, Henrique Bertino, adiantou que a ministra da Saúde agendou para dia 22 de outubro a reunião solicitada pelos autarcas da Comunidade Intermunicipal do Oeste, a que Peniche pertence.

“O serviço de urgência básica, desde novembro de 2023, tem vindo a estar encerrado por vários períodos por falta de recursos humanos, sendo que neste mês de setembro a situação se agravou e em 40% dos dias se encontrou encerrado”, refere a proposta apresentada pela CDU e aprovada por todo o executivo municipal, a que a agência Lusa teve acesso.

Nos cuidados de saúde primários, os autarcas alertam para a “acentuada carência de médicos de família no concelho, com 43,8% da população sem médico de família”, nomeadamente nas freguesias de Peniche, Atouguia da Baleia e Serra d’El Rei.

Os autarcas lembram o acordo celebrado em 2008 entre o município e o então Governo, e reiterado pelos sucessivos governos, de manter o serviço de urgência básica até à entrada em funcionamento do novo hospital do Oeste.

As atividades económicas ligadas à fileira da pesca, com consequente ocorrência de acidentes, os 30 minutos de distância até às Caldas da Rainha, o crescente crescimento turístico pela atratividade do surf, que aumenta a população sobretudo no verão, e a existência de um sistema de busca e salvamento no mar são os principais argumentos invocados.

Já este mês, o PCP considerou inaceitável o encerramento do serviço de urgência do hospital de Peniche por vários dias de setembro, exigindo ao Governo medidas urgentes para resolver o problema que a administração hospitalar reconhece ter-se agravado desde o verão.

Questionado pela agência Lusa, o conselho de administração da Unidade Local de Saúde (ULS) Oeste, onde se integra o hospital de Peniche, admitiu “um ‘deficit’ de profissionais”, que tem vindo a agudizar-se desde o verão “devido à saída de três médicos, por opção própria”.

Segundo a administração, a saída destes profissionais levou a “dificuldades significativas para assegurar a composição das equipas do serviço de urgência e que, até à data, não foi possível resolver, por falta de médicos interessados para prestar serviço" na unidade.

Nos hospitais da ULS Oeste, os médicos do mapa de pessoal apenas asseguram 40% das necessidades anuais em horas, mas em Peniche “a dependência de prestação de serviços é de 100%”.

Considerando que a localização “não é facilitadora deste trabalho de recrutamento ativo de recursos, a ULS Oeste tem vindo a aumentar “o valor hora pago aos profissionais médicos que desenvolvem atividade na urgência de Peniche”, mas, ainda assim, “não foi possível captar o número de médicos suficiente para as necessidades”, estando prevista para breve a entrada em funções de mais um médico “que irá suprir algumas das dificuldades da escala”.

Apesar dos constrangimentos, “em momento algum foi posto em causa o atendimento aos utentes urgentes da região, já que, nestas situações, os utentes são transferidos para outras unidades, de acordo com a sua condição clínica”, referiu a administração hospitalar em resposta enviada à agência Lusa.

Os hospitais de Caldas da Rainha, Peniche e Torres Vedras da ULS Oeste servem os concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Bombarral (no distrito de Leiria), Torres Vedras, Cadaval, Lourinhã e Sobral de Monte Agraço (no distrito de Lisboa).

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