Morreu clérigo acusado pela Turquia de tentativa de golpe de Estado em 2016
O clérigo turco Fethullah Gulen, fundador e líder de um movimento muçulmano que a Turquia responsabiliza pelo golpe de Estado falhado de 2016, morreu aos 83 anos, avançou hoje a imprensa local.
Gulen morreu no sábado, num hospital dos Estados Unidos, onde estava exilado desde 1999, e a morte foi anunciada pelo Herkul, um portal próximo do movimento conhecido como FETO, e confirmada pelo sobrinho, Ebuseleme Gülen, nas redes sociais.
Outrora aliado do Presidente da Turquia, Gulen foi acusado pelas autoridades turcas de espalhar suspeitas de corrupção que visavam o Governo em dezembro de 2013, quando Recep Tayyip Erdogan era ainda primeiro-ministro.
Após a tentativa de golpe de Estado, mais de 125 mil alegados apoiantes do movimento FETO na Turquia foram despedidos, ao abrigo de decretos de emergência, incluindo cerca de 24 mil soldados e milhares de magistrados.
A justiça turca instaurou processos contra cerca de 700 mil pessoas e três mil foram condenadas a prisão perpétua, acusadas de terem desempenhado um papel no golpe falhado.
As autoridades da Turquia também encerraram a extensa rede de escolas privadas, os meios de comunicação social e as editoras controladas pelo FETO.
Ao mesmo tempo, os serviços secretos turcos realizaram diversas operações em países da Ásia Central, de África e dos Balcãs para trazer de volta, à força, supostos apoiantes do movimento.
Gülen era o "líder espiritual de uma vasta comunidade que reúne milhões de simpatizantes (...), presentes em todos os setores da economia, na educação, nos meios de comunicação social, mas também em vários setores da administração", notou um investigador do Instituto de Estudos Políticos de Paris.