Passam hoje 26 anos que o Diário de Viseu publicou a sua primeira edição, então sob a denominação Diário Regional de Viseu. Nesta data recordamos com saudade o seu fundador, o meu Pai, Adriano Mário da Cunha Lucas (1925-2011) que lhe definiu o seu estatuto editorial como jornal informativo de orientação Republicana Liberal. Graças à sua iniciativa e perseverança Viseu passou a ter o seu primeiro jornal diário próprio.
Ao longo do seu caminho o jornal tem tido vários desafios que conseguiu sempre superar. Entre outros, há três anos, com a pandemia, a paragem súbita do mercado publicitário pôs em causa a sustentabilidade económica do Diário de Viseu. Contudo, com a força dos seus muitos leitores e a dedicação e resiliência dos seus colaboradores o Diário de Viseu ultrapassou esta e outras dificuldades, continuando na sua missão informativa diária, em prol de Viseu, das Beiras e do País, mantendo-se firme na defesa da Liberdade de Imprensa, um bem indissociável de uma sociedade democrática.
26 anos depois, as ameaças são várias, algumas muito preocupantes. Assistimos, hoje, a uma grave degradação das instituições e da classe política, em cujas mãos os eleitores depositam, democraticamente, a condução dos destinos do País, o que põe em causa o nosso futuro. O espetáculo degradante a que temos assistido nestas últimas semanas, com as audições da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP/Caso Galamba, mostra que batemos quase no fundo, tal a evidente suspeição de encobrimentos e de mentiras de alguns dos nossos governantes.
Sem as reformas necessárias que libertem a sociedade civil dos excessos burocráticos e da enorme carga fiscal com que vivemos, que não permitem que a economia se desenvolva, sem uma reforma eleitoral - que aproxime os eleitores dos seus eleitos - e sem uma justiça eficaz, Portugal caminha para uma perigosa estagnação e envelhecimento, em que os mais novos e os mais capazes emigram. Por alguma razão estamos cada vez mais na cauda da Europa, a ser ultrapassados, um a um, por todos os países do Leste Europeu que se libertaram do comunismo há 30 anos. Precisamos de renovar rapidamente o nosso sistema democrático. Faz-nos falta uma verdadeira democracia “à inglesa”, onde as instituições funcionam eficazmente desde há centenas de anos. Onde os deputados são eleitos, através de círculos uninominais, diretamente pelos cidadãos (e, com muito poucas exceções, só os deputados assim eleitos podem ser membros do governo) ao contrário do que por cá se passa em que são escolhidos pelo chefe do partido sem qualquer ligação e responsabilização direta perante os eleitores.
Parece que quem governa o nosso País já não tem como missão principal a defesa dos seus cidadãos mas sim a dos seus próprios interesses políticos, ou outros, a qualquer custo. Não fazem as reformas de que o País precisa e agarram-se ao poder, com a inoperância de um sistema judicial que os mesmos políticos tardam a reformar e se encarregam de minar, provavelmente para se colocarem a salvo do mesmo. Neste cenário preocupante, ganha ainda maior importância o papel de uma Imprensa livre e independente que informe com verdade. É esta, desde o início a nossa postura, que hoje reafirmamos e que nos continuará a reger em prol dos nossos leitores, que são a nossa razão de ser.
Bem hajam.
Adriano Callé Lucas
