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Depois de 30 mil coscorões vendidos já se pensa em chegar ao Guinness Book


Texto: José Roque | Fotografia: Município de Porto de Mós Domingo, 25 de Junho de 2023

Os coscorões são doces tradicionais, tipicamente associados ao Natal. No entanto, em Porto de Mós, o coscorão lembra festa de verão, de arraial, e está assumido como o doce rei das Festas de São Pedro. À receita base, junta-se o segredo das noites de confraternização e compõe-se uma massa que une a farinha de trigo, o fermento de padeiro, a aguardente e o sal e que recebe depois o leite, a margarina, a laranja dividida em sumo e raspa, o vinho branco, o whisky e o vinho do Porto, o óleo, o sal, o fermento em pó e o bicarbonato de sódio. Arrumada e lêveda, esta conjugação deixa-se estender sobre uma superfície enfarinhada e recortar, depois, pela carretilha tradicional, que desenha retângulos de pura gula que, em óleo bem quente, se deixam apurar e receber a cor do ouro em ambas as faces. Escorrida, a massa, batizada de coscorão, é envolvida em açúcar e canela, numa conjugação perfeita que convida a voltar. Tanto que nas festas de S. Pedro de 2022 foram vendidos cerca de 30 mil coscorões e elaboradas cerca de três toneladas de massa para os fazer.
O sucesso é tal que é usual formarem-se longas filas para comprar aquele ícone gastronómico e até já passou pela cabeça dos responsáveis do Fundo Social dos Funcionário da Câmara de Porto de Mós levar o coscorão mais longe.
“Já levámos o coscorão às ‘7 maravilhas’ e temos a ideia de concorrer ao Guinness [Book] com o maior coscorão do mundo. Temos muitas ideias, o mais difícil é conseguir pô-las em prática porque todos nós temos o nosso trabalho e é difícil articular tudo”, confessou o presidente do Fundo Social.
Para Luís Vieira, o coscorão vendido pelo Fundo Social é uma das “imagens de marca” das Festas de S. Pedro, seguindo-se uma receita “antiga e tradicional”, mas o verdadeiro segredo está “no carinho” com que se faz o coscorão, “desde de quem o amassa até quem o frita”. Também o presidente da Câmara de Porto de Mós confessa que os coscorões são “um fenómeno” de Porto de Mós. E tudo por ‘culpa’ da ‘D. Amélia Ribeiro’, ex-funcionária da Câmara, que já faleceu e era muito criteriosa com os ingredientes a utilizar.
“Passou a receita e hoje a equipa do coscorão continua a produzir de uma forma artesanal. Esse é o segredo. É haver o tempo certo de levedura da massa, a parte da fritura e tudo mais. É feito com muita qualidade e feito por pessoas daqui, voluntários que durante dez dias estão empenhados”, contou Jorge Vala, acrescentando que é construída uma verdadeira “linha de montagem impressionante” com perto de “30 pessoas” a trabalharem “continuamente”. “Estamos a falar de três toneladas de massa no ano passado. Não é coisa pouca. Fazem-se filas enormes. No último dia então é brutal porque as pessoas levam às dezenas para congelar”, concluiu.



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