‘Da Beira Alta a Leiria e a Timor – O destino da coragem’ dá mote a uma exposição evocativa do médico Serafim Lopes Pereira, que se encontra patente até ao final deste mês no Mercado Santana, na cidade do Lis.
A mostra, que integra o programa das comemorações dos 50 anos do 25 de abril, resulta de uma parceria dos municípios de Leiria e de Mortágua e do Núcleo Museológico da Irmânia.
Natural de Marmeleira, Serafim Lopes Pereira instalou-se em Leiria, em 1925, como médico integrando o Hospital da Misericórdia D. Manuel de Aguiar onde foi responsável pela Radiologia e Doenças Pulmonares.
Republicano convicto, ainda estudante na Universidade de em Coimbra, integrou o Batalhão Académico que foi enfrentar a ‘Traulitânia’, a efémera ‘Monarquia do Norte’, encabeçada por Paiva Couceiro, em janeiro de 1919, depois do atentado contra Sidónio Pais.
A partir daqui, assume um combate mais incisivo logo após a instalação da ditadura, em 1926, recorda o município em comunicado.
Com o pretexto de ter dado guarida ao irmão António, outro procurado pela ditadura militar, foi demitido no verão de 1931, preso e levado para o Aljube, seguindo-se a deportação para a ilha de Ataúro, em Timor, conjuntamente com o seu irmão, António, onde permaneceram cerca de meio ano.
Serafim Lopes Pereira regressa à cidade de Leiria, não sendo mais readmitido no Hospital e funda a Casa de Saúde de Leiria, nos anos 40, mantendo o seu consultório, no Largo de Santana. Granjeou um percurso médico de grande notabilidade dedicado, sobretudo, às doenças de caráter pulmonar. Ao seu consultório acorriam pessoas de todos os estratos sociais.
A exposição, constituída por um “relevante” acervo fotográfico da deportação política em Timor, revela “uma das facetas repressivas da ditadura mais impressionantes, a da deportação”.
A mostra ficará patente ao público até 30 de abril.
