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Estátuas de Lénine e bandeiras soviéticas reaparecem na Ucrânia


Segunda, 25 de Abril de 2022

Logo nos primeiros dias da invasão foram vistas bandeiras da antiga União Soviética nos tanques do exército russo que entravam no território ucraniano. Sinais que se comprovam agora com a colocação das ditas bandeiras vermelhas com a foice e o martelo em vários edifícios das cidades controladas pelos russos e também com o erguer de estátuas do ditador comunista Vladimir Lénine.


Segundo o jornal britânico The Guardian, na semana passada, na cidade ucraniana de Henichesk, «uma estátua do líder bolchevique foi erguida do lado de fora do principal prédio do conselho da cidade. Voando do telhado estavam as bandeiras russas e soviéticas. Tudo a tempo para o aniversário de 152 anos de Lénine na sexta-feira».


Segundo o mesmo jornal, Henichesk poderá, em breve, tornar-se parte da chamada “República Popular de Kherson”. De acordo com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, Moscovo prepara a realização de um falso referendo de independência no Oblast do sul, ou província, possivelmente já na quarta-feira. O resultado será aquele que os russos quiserem, à semelhança do que já sucedeu em 2014, na região leste de Donbass. Promoveu pseudo-referendos nas cidades de Donetsk e Luhansk, que se tornaram “repúblicas populares”.


O exército russo, refere o The Guardian, está agora a procurar conquistar mais território ucraniano e expandir as “repúblicas”.


«Os confusos objectivos da guerra do ditador Putin evoluíram na semana passada após a tentativa frustrada de tomar a capital da Ucrânia, Kiev. Pouco se fala agora sobre seu objectivo original: “desnazificar” e “desmilitarizar” a Ucrânia e sua liderança. Em vez disso, os generais russos falam abertamente sobre conquista. A invasão tornou-se um grandioso projecto colonial para remodelar o mapa da Europa e roubar a costa da Ucrânia», refere o jornal britânico.


Nas cidades controladas, refere o mesmo jornalista, «autoridades, activistas e jornalistas ucranianos são presos. Alguns desaparecem. Na cidade de Kakhovka, reféns são espancados e torturados com choques eléctricos numa esquadra da polícia. As novas autoridades fecharam os meios de comunicação independentes e desligaram a TV ucraniana e ligaram os canais de propaganda russos que transmitem da Crimeia. Paralelamente, segue uma pur­ga de políticos ucranianos que são substituídos por elementos da confiança russa. Tudo numa campanha de colonização que visa «apagar a identidade nacional da Ucrânia». Bandeiras ucranianas arrancadas de edifícios cívicos, professores forçados a usar o russo e a ensinar o currículo escolar do Kremlin.


Segundo a historiadora Anne Applebaum, citada pelo The Guardian, «os métodos do governo russo na Ucrânia eram sombriamente familiares. Moscovo está hoje a replicar o que as forças soviéticas fizeram na Polónia ocupada, nos estados bálticos e no resto da Europa central em 1939, bem como no final do II Guerra Mundial». Anne Applebaum acrescentou: «Eles têm listas de pessoas para prender – prefeitos, directores de museus, líderes locais de todos os tipos. Eles sistematicamente violam e assassinam civis, a fim de criar terror. Deportam outras pessoas em massa para a Rússia, para aumentar sua própria população esgotada. Erradicam os símbolos locais – estátuas, bandeiras, monumentos – e colocam os seus próprios».


 


Posição comunista em Portugal

Em Portugal, o Partido Comunista Português, que se assume como herdeiro de Lénine, começou por não condenar a invasão ucraniana mas nos últimos dias foi mesmo mais longe, colocando-se do lado russo. Já depois dos seus eurodeputados terem votado contra uma resolução do Parlamento Europeu, que condenava a invasão, os deputados do PCP na Assembleia da República votaram contra a presença, por vídeo, de Zelensky no parlamento português. Abandonaram o hemiciclo durante a intervenção do presidente ucraniano e logo depois consideraram que a referência que Zelensky fez ao 25 de Abril durante a sua intervenção «era um insulto».
E nos últimos dias, quando questionado sobre esta sucessão de posições “pró-russas” Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, voltou a recusar dizer explicitamente que a Rússia invadiu a Ucrânia falando apenas num conflito.|


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