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Diretor: 
Adriano Callé Lucas

Especial: Centro Histórico “em ruínas” e um rio “ainda por explorar”


Texto: José Roque/Foto: LFC Quinta, 23 de Março de 2023

O Centro Histórico de Leiria (CHL) é uma marca distintiva da cidade e cada vez mais atrai turistas e curiosos, contudo é bem visível o estado de degradação que alguns dos seus edifícios, pelo que o município tem apostado cada vez mais na promoção da reabilitação por parte de privados. Uma ideia que o presidente da União de Freguesias de Leiria, Pousos, Barreira e Cortes (UFLPBC) aplaude, apelando apenas a que haja “equilíbrio”.
“Leiria tem um grande problema: tem vários casarios velhos em ruínas. A cidade está muito velha, a cidade foi-se degradando por falta de condições de utilização, muitos prédios são de promotores imobiliários que devem estar à espera de conseguir mais valias ou de famílias em que pedem tanto por um edifício velho como se fosse novo”, alertou José Cunha, acrescentando que os preços atuais “estão muito inflacionados”.
Contudo, o autarca mostra--se feliz pelo processo de reabilitação que Leiria está a atravessar no Centro Histórico. “Em termos de identidade nós temos alguns edifícios bonitos e extraordinários que devem ser restaurados, nomeadamente todos aqueles que são da traça do Korrodi, mas depois há também uma panóplia de edifícios velhos a cair que a gente dali não tira nada de importante. Se me disserem que vai levar mais um piso e que até a cércea fica certa a mim não me choca. Eu acho que não vai descaracterizar aquilo que é a cidade. Todas as semanas damos pareceres a obras de reabilitação na cidade e isso tem sido interessante porque a cidade são as pessoas e se não há pessoas no centro…”, assinalou José Cunha.
Apesar desta aposta na recuperação do edificado, o presidente da UF diz que ainda há muito trabalho a fazer no centro urbano, nomeadamente ao nível da pavimentação e iluminação, por exemplo, do Polis.
“Ao contrário do que acontece na periferia da cidade, o centro urbano está mais degradado e é essa a imagem que damos a quem nos visita. Somos uma capital de distrito que tem criado centralidade, mas a imagem que damos não é agradável. Quando entramos na cidade, as rotundas não estão suficientemente bonitas para serem logo um cartão de visita”, comentou José Cunha, destacando que a cidade “merecia ter os pavimentos mais cuidados”, até mesmo “por uma questão de segurança”.
Em relação à iluminação, o autarca refere que hoje em dia é possível encontrar cada vez mais pessoas na rua, nomeadamente no Polis, que é “um ponto de atração”, mas por vezes é “intimidador”: “Havendo mais luz o sentimento de segurança é maior”, salientou.
Por outro lado, o rio Lis continua a ser um ex-libris da cidade, mas que levanta sempre muitos problemas pela imprevisibilidade do seu caudal ou pelo surgimento exagerado de plantas aquáticas e algas, fenómeno conhecido como eutroficação. Por tudo isso, José Cunha acredita que se tem “virado as costas ao rio”.
“Temos um rio que qualquer outra cidade exploraria, mas nós não exploramos este recurso natural”, frisou o presidente da UF, recordando que o rio Lis é “muito instável”.
“Tivemos um inverno com bastante chuva, mas olhamos agora para o rio e está um fiozinho. Não tem o potencial que têm outros rios, de outras cidades”, vincou José Cunha, adiantando eu a UF já pensei colocar barcos no rio para recriação, as exigências financeiras deitaram por terra as intenções. “Quando falei com as pessoas disseram que seriam precisos nadadores salvadores. Desistimos logo da ideia, ficava muito caro para as pessoas terem aqui meia dúzia de barcos”, contou.
Por outro lado, José Cunha recordou que em tempos, na zona do Bairro dos Anjos, havia torneios de pesca no rio. “Hoje seria difícil isso acontecer, mas acabava por ser um movimento de proximidade com o rio”, recorda, acrescentando que teve conhecimento de um projeto “interessante” através da criação de um “escadório” no Marachão em que as pessoas “quase podiam ir ao rio”. “Seria uma zona de lazer. Claro que obrigaria a outras questões de segurança, nomeadamente quando o caudal está mais alto”, alertou.



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