Fundador: 
Adriano Lucas (1925-2011)
Diretor: 
Adriano Callé Lucas

A dança inclusiva como proposta diferenciadora da Associação Dança Leiria


Texto: José Roque | Fotografia: Luís Filipe Coito Domingo, 26 de Março de 2023

A Associação Dança Leiria nasceu em 2012, e teve um rápido reconhecimento, fruto dos projetos que desenvolve com o objetivo de complementar e enriquecer aprendizagens, criar oportunidades artísticas para todos os públicos e reforçar as ligações à comunidade.

Nesse sentido, há a destacar os projetos CORPO e SOMA que promovem a dança como elemento de inclusão, pretendendo sensibilizar a comunidade para a ideia de que o movimento e a dança são para todos quantos a queiram praticar.

O projeto SOMA surgiu em 2014 e paralelamente às sessões destinadas a um público específico, dinamiza formação especializada na área da Dança Movimento Terapia (DMT), destinada a profissionais da área da saúde e da dança. O SOMA disponibiliza sessões semanais de terapia pela dança e sessões de movimento criativo, a diversos públicos, nomeadamente crianças e jovens em risco psicossocial e/ou em situação de vulnerabilidade social; crianças com multideficiência em contexto escolar; jovens e adultos com deficiência sensorial (auditiva e visual) e motora; crianças, jovens e adultos com perturbações/dificuldades do neurodesenvolvimento, como a perturbação do espectro do autismo, perturbação intelectual, entre outras; e população sénior.

 Já o projeto CORPO é uma companhia de dança inclusiva profissional que surge em 2020, na sequência da aprovação de uma candidatura ao BPI Capacitar, com o objetivo de criar oportunidades artísticas profissionais e formação de bailarinos com e sem deficiência na área da dança contemporânea, promovendo a inclusão pela arte. “Com a CORPO conseguimos elevar para um outro patamar o trabalho até aí desenvolvido, e operacionalizar a nossa visão a um nível profissional”, refere a coordenador da Escola, Marina de Oliveira.

Para a responsável este trabalho de inclusão da associação é o que a torna diferenciadora. “Externamente somos percebidos dessa forma e agrada-nos que assim seja. Tentamos também criar um ambiente acolhedor para os nossos alunos e famílias e para a nossa equipa, que são quem trabalha no terreno e implementa a nossa visão”, vincou.

Para além destes projetos, a Associação Dança Leiria tem igualmente a Escola de Dança, o primeiro projeto a ser criado, sendo hoje “um pilar incontornável do seu raio de ação, quer em termos de solidez e estrutura, quer em termos da sustentabilidade futura da própria associação”, tendo presentemente 126 alunos, com idades dos 3 aos 70 anos.

Para além das aulas regulares das várias disciplinas técnico-artísticas da dança ao dispor, a Associação dinamiza sessões/workshops no exterior, nas entidades que os recebem como lares e centros de dia. “A escola realiza aulas abertas (públicas), apresentações e espetáculos. A nossa casa é uma casa aberta à comunidade: todos são convidados a vir conhecê-la e a fazer parte dela”, vinca Marina de Oliveira.

Este trabalho de envolvimento não tem passado despercebido à comunidade também abraçou a ADL. “O crescimento tem sido gradual e é fruto de muita vontade e resiliência. Sempre procurámos desenvolver um trabalho diferenciado, onde coubessem todos os públicos, o que talvez seja a nossa característica identitária mais marcante. É naturalmente gratificante ver o nosso esforço ser reconhecido, mas também acarreta mais responsabilidades por isso diria que é sem dúvida, um incentivo para darmos continuidade às nossas propostas”, refere.

A coordenadora da Escola refere ainda que com a “reestruturação recente” da associação, têm vindo a “implementar uma postura progressivamente mais aberta ao exterior e aos convites que nos vão sendo feitos”, ao mesmo tempo que têm alargado a “rede de parceiros” e a interação “com os agentes culturais do território”.

Em relação ao futuro, Marina de Oliveira refere que a Dança Leiria depara-se com desafios ligados ao crescimento e à dimensão dos seus projetos. “Diria que a nossa principal ambição para os próximos anos é robustecer e consolidar o que até aqui foi conquistado, com muito esforço. Pretendemos solidificar muito bem a nossa estrutura e fazer crescer cada um dos três projetos, talvez com especial destaque para a CORPO, que pretende afirmar o seu trabalho e começar a desenhar uma digressão internacional do seu projeto mais recente, o espetáculo transdisciplinar Maciço – estórias em corpo vivo esculpidas por gentes”, explicou. Nesse sentido, a responsável deixou o convite para quem pretenda assistir a este trabalho que poderá ser visto em Leiria, a 6 de maio, no Teatro José Lúcio da Silva.



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