Fundador: 
Adriano Lucas (1925-2011)
Diretor: 
Adriano Callé Lucas

Confeção do folar é “trabalhosa” mas ainda há vontade para recriar sabores


Texto: Cristiana Bernardino | Fotografia: DR Sábado, 01 de Abril de 2023

Por esta altura, a azáfama já se faz sentir na cozinha do Centro de Apoio Social Serra D’Aire e Candeeiros. Isto porque, a entidade é uma das 10 que vai estar presente no Festival do Folar e da Amêndoa Artesanal, inserido no programa da Semana Santa de Porto de Mós, que se realiza a partir de hoje, levando parte da equipa da associação a pôr, literalmente, as mãos na massa.
Sofia Costa comanda a cozinha, mas há toda uma equipa que ajuda a preparar, embalar e etiquetar os tradicionais folares da Páscoa e as amêndoas artesanais, também típicas desta festividade.
Apesar da confeção do folar ser “trabalhosa” e “demorada”, ainda sobra tempo e vontade para reinventar e recriar sabores a partir da receita tradicional. “O ano passado quisemos recriar, pegar no folar tradicional e inovar um bocadinho e correu bem. Fizemos o folar que ficou com um sabor e cor diferentes e este ano vamos replicá-los novamente”, sublinhou a diretora técnica da instituição, comparando a sua confeção como se se tratasse de uma “linha de montagem”. Espinafres, chocolate e cenoura, são os sabores “inovadores” que a associação quis introduzir naquele doce típico, mas mantendo a base da receita com os ingredientes chave - a farinha, o açúcar, os ovos e os limões.
“A massa tem que levedar e ela é toda amassada manualmente, nada é feito com recurso a máquinas e temos que conseguir fazer isto tudo conciliando com o trabalho que já temos em servir muitas refeições por dia”, esclareceu Margarida Pires, adiantando que fica igualmente difícil prever a quantidade de massa que é preciso para as unidades pretendidas.
E como o nome do festival indica, a amêndoa artesanal também vai ser rainha do evento, à espera de ser vendida nas diferentes barraquinhas presentes no evento.
Ao nosso jornal, Margarida Pires admite que confecionar as amêndoas “é mais fácil”, ainda que seja uma árdua tarefa. “Temos que ter cuidado na sua confeção, porque não se podem colar umas às outras e depois têm que sair e ir para o forno, mas o facto de não ser preciso a massa já torna o trabalho mais leve”, acrescentou a diretora técnica do Centro de Apoio Social Serra D’Aire e Candeeiros.

Preservar receitas antigas
Esta será a segunda edição do Festival, que se realiza hoje, amanhã, domingo e no dia 7, junto ao Largo do Rossio, e contará com a presença de 10 entidades. O objetivo é claro. “Dar visibilidade à doçaria tradicional e local”, defendeu o vereador da Cultura do município de Porto de Mós, Eduardo Amaral. No fundo, o Festival do Folar e da Amêndoa Artesanal surge como uma forma de preservar receitas antigas da doçaria tradicional. “É uma forma que nós encontrámos com a comunidade e instituições particulares de solidariedade social, mas também com a população e doçarias do nosso concelho, para cooperararem, e uma vez que o folar tradicional já tem uma receita tão antiga, faz sentido que continuemos a recriá-la. Cada família tinha as suas receitas”, frisou o vereador.
“Levar a identidade e a economia local e preservar as memórias e tradições” é a grande essência deste Festival, que não quer deixar morrer as receitas destes doces típicos da Páscoa.



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