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Patriarca de Lisboa lembrou que motociclistas assumem “uma verdadeira missão profética”

A tradicional Bênção dos Capacetes decorreu ontem e deslocaram-se até ao Santuário cerca de 180 mil motociclistas

O patriarca de Lisboa, Rui Valério, desafiou ontem os motociclistas a contagiarem o mundo e a sociedade com uma “dimensão espiritual e humanista para o desenvolvimento das tarefas da vida quotidiana”, atribuindo-lhes “uma verdadeira missão profética”.
Na IX Peregrinação da Bênção dos Capacetes, que se realizou este domingo no Recinto de Oração e à qual presidiu, o patriarca pediu aos cerca de 180 mil participantes que fossem “caminhantes que vão ao encontro do Senhor, irradiando, pelos caminhos, a luz luminosa da esperança”.
Ao deixarem de estar “focados apenas nas dimensões físicas das velocidades alcançadas, dos quilómetros feitos, das etapas percorridas, das cilindragens possuídas”.
”[Os motociclistas]passam a compreender e a sentir que quem efetivamente nos move e transporta não são os potentíssimos motores de muita cilindrada, mas é o Senhor da Vida”. “É ele que nos move e é ao seu encontro que, no mais profundo do seu íntimo, o ser humano sempre anseia ir”, referiu.
No encontro com os jornalistas que antecedeu a celebração, o patriarca também aludiu à dimensão espiritual que o viajar de motociclo suscita: “O motociclista, a bordo do seu motociclo, tem sempre no seu horizonte uma meta, um objetivo e, a pouco e pouco, de uma forma não muito consciente, vai vislumbrando que assim é a vida, é um caminho, é uma viagem, uma peregrinação constante, em que no horizonte da existência não está tanto um lugar, mas está uma pessoa”.
No contexto desta analogia, lembrou ainda que “para um motociclista não há distâncias, e assim é para o ser humano em relação a Deus e em relação aos grandes valores”.
“Por muito exigentes que eles se afigurem nunca estão suficientemente distantes”, completou.

Patriarca homenageou vítimas dos incêndios
Ainda na homilia, Rui Valério recordou os homens e mulheres que combatem “os nefastos incêndios que destroem a floresta, dizimam vidas atentam as habitações”.
O patriarca exortou os fiéis a rezar “por aqueles cujas vidas foram ceifadas nos incêndios e no seu combate” e deixou “uma palavra e um abraço de solidariedade, de proximidade e de conforto” às famílias e amigos das vítimas.
Sob o tema “Somos moldados e guiados pelo que amamos!” e com organização da Associação da Bênção dos Capacetes (ABC), esta peregrinação teve associadas duas recolhas solidárias de donativos: uma para a aquisição de uma cadeira adaptada para um jovem motociclista de 22 anos, tetraplégico devido a um acidente de moto; outra com o intuito de ajudar as corporações de bombeiros mais afetadas pelo esforço de combate aos incêndios e para a qual a ABC apelou à doação de bens como garrafas de água de 50cl, soro fisiológico, pomadas para queimaduras, compressas, pensos, anti-inflamatórios, paracetamol e produtos de higiene pessoal.
Também o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas destacou o caráter solidário da Peregrinação da Bênção dos Capacetes. “É sem dúvida um momento particularmente importante pelas causas solidárias que tem no horizonte”, referiu, durante o encontro com jornalistas que antecedeu a celebração. “Este ano, no contexto dramático que temos vindo a viver, é impossível não ter presente as vítimas dos incêndios, como é impossível não termos especialmente presente os bombeiros”.
O reitor do Santuário sublinhou ainda o ambiente festivo da peregrinação. “É também um momento de convívio e este é um aspeto que não é secundário”, notou.

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